Ninhá!

Venha, mas venha com o coração. Traga seu sorriso, seu brilho no olhar, sua voz aveludada. Mas venha. Venha logo! Volta! Não, não volte. Volte. Ou não. Mas venha. Quero saber como você está, como você se sente, o que sente e o que você tem feito da vida e ela de você. Sinto saudade.
Não, não volte. Por favor, não volte. Não quero mais. Ou quero. Quero tanto que a melhor forma de querer é negar que quero. Venha, traga o teu perfume, tua risada, tua cantoria no chuveiro. Reclame, discuta, não pare de falar. Eu sinto falta disso. É, eu reclamava, mas no fim das contas, sinto falta. Conversa comigo!
Se você voltar eu juro que... Digo, se você vier eu juro... Eu juro que não reclamo mais, não grito mais, não te acordo às 6 da manhã nunca mais. Mas volte. Venha. Mas venha sutil, não venha de repente. Venha de uma forma que... De uma forma que eu nunca te incomodaria! Que eu não faria você assistir comédias românticas.
Não demore! Porque está aí parada? Não vê que eu te quero por perto? Venha logo. Antes que eu mude de ideia. Venha. Solta os cabelos e venha. Me acorda cedo pra ser a primeira a me dar bom-dia. Me acorde com uma mordida na orelha. Seja chata, implicante, ciumenta... Mas venha.
Aliás, tenho uma reclamação: não suma! Isso dói. Dói no mundo. Venha, venha me contar histórias, me dar seu ombro pra chorar. Venha me consolar. Me abraça forte e diz que vai ficar tudo bem. Que estamos protegidos da maldade. Que as pessoas são boas. Que é preciso acreditar. Que existe amor, respeito, paz.
Reclame da bagunça, do futebol na TV, chore assistindo a comédias românticas. Mas é importante que você venha. Olha, eu trouxe chocolate e flores, são pra você. Pra você. Você. Você tem que vir. Com TPM, agitada, irritada, deprimida, mas tem que vir. Venha pros meus braços. Deixa eu ir para os teus. Converse sobre a novela, sobre a coleção de inverno de sapatos, desabafe sobre aquela vaca chata. Eu sinto falta disso. De você.
Como você me irrita! Não, eu não estava de TPM, e sim, a culpa foi toda sua! Mas, mesmo assim... Me ligue, me mande uma mensagem. Peça desculpas. Eu prometo pedir também. Deixa eu deitar do teu lado, me faça cafuné. Consola-me, me nina, me mima, me nana. Mas por favor, esteja ao meu lado ao amanhecer, senão não vou conseguir dormir.
Pode ficar em frente ao espelho segurando num pneuzinho inexistente e dizendo que... Ham... É, eu não tava prestando atenção no que você dizia. Porque você é linda brava. E o pneuzinho não existia! Fique em frente ao espelho apontando celulites que eu não exergo (uma dica: homens mal sabem o que é isso.). Pergunte-me se está gorda. Não, você não está. Está linda, como sempre.
Fique todo esparramado no sofá, grite com o juiz, ligue pra zoar o corinthiano ou o palmeiriense dos teus amigos. Me explique para que lado o seu time faz gol. Mas enquanto faz isso, por favor, acaricie meu joelho ou minhas costas. Comemore o gol do seu time me dando um beijo. Na verdade não significa tanto pra mim o gol, mas o beijo... É compartilhar uma alegria sua comigo. 
Demore o tempo que você quiser para escolher roupa. Prometo que vou ajudar na escolha. Mas, por favor, não se perca de mim. Prometo te acompanhar às lojas e ser paciente. Desde que você volte. Desde que você agradeça pela paciência com aquele olhar de alegria e um beijo. Permita-me beijar você em público. Volta para que eu possa andar de mãos dadas com você para que todos saibam que juntos estamos.
Seja bonzinho. Venha me aconchegar no teu peito, rir feito um bobo comigo. Venha me proteger, me esquentar, fazer cócegas. Você faz falta. Sinto tua falta. Venha, vai! Se você vier...
Se você vier eu juro que não reclamo mais dos dramas. Pois se eles vem de você, devem ser verdadeiros. Chore, eu te dou meu ombro. Brigue, eu te dou razão. Reclame, e eu te dou minha boca. Venha e te entrego o coração.
Se você prometer cuidar dele, eu te entrego o meu coração. Mas a regra é clara: não o maltrate, ele já está machucado o bastante. Cuida dele, cuida de mim. Eu me entrego a você.

Mas, por favor,
Venha.

"Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei." 
Caio Fernando Abreu

Texto escrito a quatro mãos por mim e pelo Roddy (ou como gostarem de chamar ele), um grande amigo do blog e um ótimo escritor (quem quer que ele faça um blog põe o dedo aqui que já vai fechar...). Espero que gostem (espero comentários também hihihi)! 

Beijokas meus amores! 
Ninhá!
"Olá, leitores da ilustríssima Aninha.... permitam que eu me apresente: Sou Andjara, uma estranha em muitas coisas..... mas não vim aqui falar a meu respeito, e sim escrever algo interessante nessa sombra do ipê branco!

Não sou cinéfila! Isso é fato... mas quando a madame Ana Carolina, também conhecida como Ninhá, me pediu para escrever algo para o blog, comecei a pensar sobre o que seria... uma missão difícil, é verdade, mas eis que surgiu a ideia de falar sobre cinema... mais especificamente sobre um filme em especial e que ainda irá render bons momentos, pelo menos é o que eu e mais alguns (hein? hein?) esperamos....

Afinal, qual é esse filme? Nada mais, nada menos que Na natureza selvagem (Into The Wild, 2007), uma história de Christopher McCandless, um rapaz inteligente e bem de vida que, aos 22 anos, logo após terminar a faculdade, abandona tudo – família, dinheiro, carro e todos os confortos da vida moderna –, muda de identidade e sai perambulando pela vida. Entre um emprego temporário e outro, entre caronas e desafios, Chris anseia chegar ao Alasca selvagem, local em que ele estaria longe de todos e em harmonia com a natureza, a única que poderia ser verdadeira diante das desconfianças nas relações humanas e seu materialismo exagerado.

Envolvente e marcante, Na natureza selvagem resgata a importância das relações humanas sinceras e a busca das nossas verdades. Aliado a isso, os cenários encantadores nos fazem adentrar no filme e viajar, juntamente com a bela trilha sonora, composta por Eddie Vedder. Assim, de maneira quase hipnotizante, o filme torna-se uma verdadeira reflexão sobre a vida e, sem dúvida, é marcante a questão de que “Happiness only real when shared” (a felicidade só é real quando compartilhada).

A perfeição do filme faz com que ele esteja presente no livro “1001 filmes para ver antes de morrer”.

Se não bastasse um filme perfeito e uma trilha sonora primorosa, a sessão “Na natureza selvagem” pode ser completada com o livro, de mesmo nome, de Jon Krakauer, que nos responde algumas questões sobre McCandless e compara a sua vida com a de outros aventureiros: uma trilogia perfeita!

E você, caro leitor do blog da Ninhá, deve estar se perguntando os motivos que me levaram a escrever sobre esse filme. Primeiramente, pelo fato de que essa pessoinha, dona do blog, é muito especial para mim e eu efetivamente acredito que ela é uma das pessoas que compartilha a felicidade comigo. Se não bastasse isso, em alguns dias, esse filme será motivo para uma visita que eu irei receber... J

Infelizmente, esse filme me traz más lembranças sobre uma pessoa e alguns fatos.... mas prefiro me apegar aos bons motivos para vê-lo e revê-lo, para ouvir milhares de vezes a trilha sonora e reler o livro!

Para finalizar, nada melhor do que o vídeo com a melhor música – na minha opinião – do filme!


Para quem não conhece o filme, é uma ótima sugestão para a próxima visita à locadora... para os que conhecem, revê-lo é sempre uma nova viagem!

Abraços a todos os leitores da Ninhá e, em especial, para a própria!"


Andjara tem 27 anos, é professora de biologia, mineira (uai!) e é mais conhecida como And!

"Everyone I come across, in cages they bought
They think of me and my wandering, but I'm never what they thought
I've got my indignation, but I'm pure in all my thoughts
I'm alive..."
Eddie Vedder

PS: Valeu And pelo texto! Tá lindo! E digo mais: um abraço procê tambem!
Ninhá!

Acordou no susto. Abriu os olhos. Estava tudo escuro, um breu só. O coração disparado, a mente confusa, sem saber distinguir ainda pesadelo de realidade. Suava frio e estava de barriga pra cima. Ocorreu-lhe que toda vez que dormia em supino de barriga pra cima tinha pesadelos. Não conseguia se mexer e faltava-lhe o ar. Taquicárdica. Taquipneica. Pés, mãos e pontinha do nariz congelados. Esticou o braço, alcançou o interruptor.

Fez-se luz. Ufa. A luz lhe trouxe segurança e ela começou a se acalmar. Sentou-se. Fechou os olhos, mas as imagens do seu pesadelo de duas noites (não consecutivas, mas ainda assim, pesadelos BEM semelhantes) vinham a sua cabeça.

"Calma, foi só mais um pesadelo. Mais um... pesadelo. Só isso." - disse em voz alta pra si mesma.

O vento uivava lá fora (como já diria meu pai, há um monstro que habita os ventos dessa cidade) e a cortina esvoaçava numa dança delicada, que a distraiu por alguns minutos. Normocárdica. Normopneica. Perdeu o sono. Resolveu rezar. Pediu a proteção do Anjo Guardião. Inqueita, levantou-se da cama e caminhou até o banheiro. A luz mais clara (e mais recentemente trocada) queimou quando ela acendeu, o que trouxe uma sensação de arrepio.

Na cozinha, bebeu água e fez leite (não, não ela não é uma vaca, mas o leite era leite Ninho, tá?) bem quente. Sentou-se na frente do notebook sem esperanças de encontrar alguém pra conversar. Mas ela é viciada em internet, e de alguma forma o contato com o mundo, ao invés de assustá-la, causa uma sensação de tranquilidade. Talvez fosse pela necessidade de esquecer seus pesadelos. Talvez pela necessidade de contato que ela tem dentro de si.

Facebook, twitter, orkut, blog. Até as redes sociais faziam um quase silêncio deprimente. Mas eram quatro e quarenta e seis da manhã. Algumas pessoas trabalham, outras estudam, umas tem pesadelos.

Ainda que fosse tarde, ela não sentia sono - ou talvez não quisesse sentir. Leu e releu emails antigos, de amor. Ele sempre teve o dom de acalmá-la. Entretanto, os tempos são outros, e ela havia aprendido a ser por si só. A contar mais com ela mesma, embora contasse com o carinho distante dele.
Pensou. Pensou na atual situação e achou que mandar mensagens de madrugada talvez fosse uma boa ideia. Ela gostava, pelo menos.

Mandou uma mensagem, queria que ele soubesse que estava pensando nele. Sentindo vergonha da própria decisão e completamente insegura, enviou. Na mensagem disse sobre o pesadelo, a insônia que ele provocara e a vontade de estar junto.
Abro um espaço para a breguice aqui: como se adiantasse para passar sua vergonha, escondeu o celular de suas vistas, como uma criança que fez arte. Entretanto, aguçou ainda mais ou ouvidos, a espera de qualquer bipe.

Mas ele não veio. Um minuto, 2 minutos, 10 minutos. Meia hora. Quarenta minutos e nada. "Talvez ele esteja dormindo", pensou. Ou talvez não goste de mensagens de madrugada como ela. Triste e frustrada resolveu tentar voltar a dormir, afinal, insônia deveria ser só para quem pode.

Tentou fugir do sonho-pesadelo acordada. E agora queria dormir pra fugir da realidade. Para se certificar que receberia uma surpresa de manhã, soterrou o celular com almofadas.

Deitou-se e se encasulou no edredon, em prono de barriga pra baixo. Certificou-se de que REALMENTE estava de barriga pra baixo, para não correr o risco. Rezou de novo. Pediu a proteção do Anjo da Guarda também nos sonhos. Pediu paz de espírito e tranquilidade no coração. Pediu um sonho bom. Por fim, ainda na lista dos pedidos, pediu que o Anjo desse a mão pra ela. Enquanto pedia, colocou a mão esquerda pra fora das cobertas, para ele segurar. Apertou a mão do Anjo e fechou os olhos.

Mal acordou e num salto foi a procura do celular soterrado. Nada de resposta. Nada. Colocou-o embaixo das almofadas, numa espécie de castigo. Como se ele tivesse entendido o apuro em que se metera, logo um bipe foi ouvido.

"Ei, você está bem?"

Sim, ela estava. Novamente ela se sentia bem.


"Tem gente que pensa que eu me acho. Mal sabem eles que eu só me perco." 
Caio Fernando Abreu


PS1: Obrigada pelas visitas no último post! E você, Clarice, está convidada a escrever mais vezes!

PS2: Obrigada por todas as visitas no blog, gente! Quem puder, siga o blog que ele e eu ficaremos muuuito felizes! 

PS3:Não deixem de comentar e de votar nas 3 opções abaixo do texto! É meu feedback aqui!

Ninhá!
Pessoal! Tudo certo com vocês? Primeiro: muuuuuuito obrigadíssima pelas 1667 visitas no último post! =) Muito obrigada mesmo! E ao Fabiano (fossísimo), por ter rettwitado o link.

Em segundo lugar, muito obrigada pelos votinhos e pelos comentários fofuchos de vocês! =)

Em terceiro lugar, o post de hoje é de uma leitora. SIIIIIM! \o/ Recebi um texto por e-mail de uma leitorinha linda que escreveu pra gente! Aproveito pra dizer que todos podem mandar textos bacanas pra eu colocar aqui no blog, viu?!

O post de hoje é sobre uma coisa brega. Olha, me permito dizer isso porque a própria autora assumiu a tamanha breguice. E eu ADORO brega! Segue então o post (tal e qual me foi enviado!):



"Hoje descobri que estou apaixonada...

Ontem eu não falei com ele. O ruim dos tempos modernos é que às vezes nos falta tempo para falar com as pessoas que gostamos. Mas isso me passaria desapercebido se eu não tivesse recebido uma mensagem dele. Uma mensagem cheia de carinho, dizendo apenas três palavras: “Estou com saudade”. Essa mensagem me fez sentir saudade também. Respondi. Perguntei se iríamos nos falar mais tarde. Mas, ontem eu não falei com ele. Ele me respondeu que não sabia. Nesse momento, eu senti o poder dessas palavras. 
A angústia era tão grande que era difícil de acreditar. Por que eu me sentia assim? Aquela comida só podia estar estragada. Comecei a imaginar os porquês daquela resposta. O que ele estava fazendo? Onde estava? Com quem estava? Eu não sabia e nem queria responder àquelas perguntas. Por que eu estava pensando nisso? Era loucura. A noite passou e isso não saiu da minha cabeça. Queria ter falado com ele. Será que ele também queria? Eu nunca tinha ficado tão angustiada por tão nulo motivo. Quanta breguice. Nem me reconhecia mais. Só tinha uma explicação. Estava na cara. Uma explicação brega: eu estou completamente apaixonada por ele. E ontem eu não falei com ele. Ah, meu Deus, como eu sou brega!

Pensando melhor, caro leitor, talvez essa breguice seja o que está faltando nesse mundo."

Clarice tem 20 anos, é estudante universitária e uma brega assumidíssima! E está mais do que convidada a escrever mais vezes!

E confesso: apesar de rir muito do "desespero" da Clarice, devo dizer que sinto coisas semelhantes!

"Eu te amo calado
como quem ouve uma sinfonia de silêncios e de luz.
 Nós somos medo e desejo,
somos feitos de silêncio e som.
Tem certas coisas que eu não sei dizer..."
Lulu Santos - Certas Coisas

PS1: a versão dessa música com o Lenine cantando é PERFEITA!

PS2: juro que cogitei colocar um trecho de Boate Azul pra completar a breguice... Mas tava ouvindo essa música linda e achei mais cabível!