Ninhá!

Geralmente você não espera. Não pressente, não está pedindo por isso. Mas acontece. Numa situação inusitada, onde você não está preparad@. É. Naquela hora mesmo. Em que você está descabelada, o cabelo meio sujo, sem brincos, sem maquiagem, sem O perfume. Te pega desprevenida. Dá uma rasteira nas pernas.

Isso pode acontecer em qualquer situação, até nas mais bizarras. Em qualquer lugar, mesmo nos mais inusitados. Mas pode acontecer. Você pode estar tomando um café da manhã numa padaria, quando de repente... Acontece. Ou então no trânsito ou chegando ao trabalho. Fazendo compras. Numa sala de pronto atendimento. Num congresso ou encontro. Num passeio com amigos e os amigos destes amigos. Em situações vergonhosas e/ou bizarras. Perdida por aí. Ou calmas.

E de repente você está lá. Vestida normalmente, nada de charme. Sem maquiagem, de cara limpa. Sem unhas feitas. Sem bala na boca. O cabelo preso pra disfarçar um bad hair day. E aí você toma consciência de que aquilo é você. "Este sou eu. Sem máscaras, sem disfarces, sem ensaios de algo a dizer ou reações prontas." Simplesmente aquilo: indefesa, precisando de ajuda e/ou forever alone companhia ou informação porque se perdeu. Aquilo ali é o teu mais íntimo que alguém pode chegar. Despreparada, com dor ou não, chorando, enchendo o bucho comendo. Comprando um absorvente. Irritada, brava, nervosa, melancólica, na TPM. Mas é, simplesmente você. 

Daí que você se dá conta que algumas pessoas te conhecem mais profundamente que outras que você poderia jurar que te conheciam. E vocês acabaram de se encontrar. Só que esse encontro se dá em circunstâncias tão íntimas que depois que passa, infelizmente a gente ou desvaloriza ou leva um pedaço conosco. Prefiro o pedaço.

Por exemplo o médico que te atende quando você tá com diarréia. Pode parecer bizarro. Mas ele SABE que você tá com diarréia enquanto você quer esconder de todo mundo isso (e não importa que te viram correndo até o banheiro). Ou o podólogo ou até a manicure que vê sua unha fudida do dedão do pé. Ou o dentista, que sabe que você tem cárie. Ou o fisioterapeuta que sabe do seu problema de coluna ou sua dor no joelho, que você tenta esconder. Ou então a mulher do caixa do supermercado que sabe tudo que você vai comer e qual a marca do seu absorvente. O farmacêutico que sabe que anticoncepcional você comprou e o caixa da farmácia, a marca da camisinha. Se você já passou por alguma dessas situações, há de concordar comigo. Se não passou (assim como eu não passei por algumas também, questão de tempo e vivência), não tenha medo: você vai passar.

Enfim, estou me desviando de onde eu quero chegar. Mas que daria uma discussão legal sobre isso, daria.

Voltando ao que eu queria dizer... Você tá lá, completamente desprevenido quando acontece. Ou melhor, pode acontecer. Os olhares se encontram, o coração pára de bater (ou pelo menos parece que pára). 
Talvez você nunca tenha sentido isso antes, mas sabe que não é paixão. Paixão agita a gente, deixa a gente querendo.

Mas não. Você entra em dúvida e por mais cara de pau que seja, você fica sem graça. O coração dá um solavanco e é possível sentir ele pulsar dentro da boca. Um nó forma-se na garganta e você perde a fala. Apenas consegue mexer a cabeça para concordar. Sim, para concordar. Talvez ele/ela perca momentaneamente a fala também, mas você nunca vai reparar, porque está lutando contra você mesmo.

Você procura um ar que parece não existir, um espaço que parece vácuo. Tenta laçar alguma palavra que esteja fugindo. As mais vaidosas se preocupam com as unhas por fazer, a maquiagem que não passou. Você procura algum gesto... Mas nada sai. E você fica ali, com cara de bobo. Até que esboça um sorriso. Um sorriso ridículo por sinal. Principalmente se o faz no momento de responder alguma pergunta. Se é que você ouviu alguma coisa.

Conforme o tempo (um curto espaço de tempo, por sinal) vai passando, as coisas vão mudando. Você sente o coração bater numa estranha tranquilidade. As palavras voltam, mesmo que desordenadas. Até mesmo as pernas voltam a funcionar! Esquece de se preocupar com coisas que não importam naquele momento, ou que não parecem importar. Você sente uma estranha calma, serenidade... Segurança! Sim, você sente segurança e até consegue esboçar algum assunto (desde que não seja complicado, obviamente) mesmo se perdendo ou então se encontrando no olhar dele (ou dela, né). Você encontra paz naquele olhar e tranquilidade no sorriso. É capaz de se perder e se encontrar neles várias vezes em questão de segundos!

Então, ao recuperar a totalidade dos sentidos... Você se dá conta de que isto é que é amor à primeira vista.

E se pergunta se foi recíproco. E sofre se questionando.

"Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina?
Quem já conseguiu dominar o amor?
Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa?
Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar..."
Ana e o Mar - O Teatro Mágico


PS: Sim, meu pé tá uma bosta.
PS2: Sim, eu chorei horrores lendo a morte do Dumbledore e acho que o fato merece um post. Não falando sobre Harry Potter ou algo do tipo, mas sobre as representações que ele traz.
PS3: O Dumbledore era meu protótipo de Papai-Noel, tá?! Seus insensíveis.
Ninhá!
Eu acho que a gente às vezes exagera. Explico: a gente espera mais dos outros, quer que eles sejam como nós, quer que tenham as reações que nós teríamos em determinadas situações.

O que eu queria falar hoje é que... O BEM e o MAL não são tão distintos assim. A maioria das pessoas (tem gente que acha que todo mundo, mas não estou certa disso) tem ambos dentro de si. Algumas tem mais Mal que Bem. Outras, mais Bem que Mal. Mas eles estão ambos dentro da gente, convivendo. Quando um domina, o outro fica latente, esperando a oportunidade para se sobressair. E a definição de Bem e Mal é relativa, dependendo da pessoa.

Eu fico triste comigo mesma em pensar que as vezes as pessoas que muitas vezes eu tachei como más não são tão más assim. Talvez eu esperasse muito delas.

A gente esquece às vezes de que... Quando algo nos incomoda, nos chateia e nos entristece, é porque a gente ainda está a altura daquilo. Se a gente eleva o pensamento e as vibrações... Poucas são as coisas ruins capazes de nos atingir.

Meu primeiro dia de aula do segundo semestre começou assim: tempo nublado, brisa gostosa, rever amigos e colegas, papai em casa, comidinha do papai... Decepção, problema a resolver, ouvir coisas que eu não gostaria, vontade de largar tudo.

As coisas não são boas sempre. Mas também não são ruins. Como eu disse, Bem e Mal convivem. Mas, cá entre nós, poucas são as pessoas que conseguem manter o bem reinando toda a vida.

Saudade. Saudade é a palavra de hoje. Saudade da vida pelo olhar de uma criança. Saudade de quando o problema era que brincadeira escolher. Saudade de quando a minha luta do Bem contra o Mal era mais fácil e eu não precisasse remoer tanta coisa.

Eu queria mesmo era fazer o que eu gostaria de fazer, resolver meus problemas, acabar com a maldade, o descaso e a injustiça. Eu queria era responder à altura. Mas parei pra pensar quando estava prestes a retrucar: até que ponto responder à altura difere de se igualar ao nível de quem te ofende?

Desculpem-me, mas eu sou a favor do tapa de luva. A delicadeza e a gentileza são maiores que a grosseria. Palavras de incentivo são maiores que ofensas. A educação é superior à ignorância. Afinal, como alguém já disse (não me lembro quem) "olho por olho e o mundo acabará cego."


"Sobram tantas meias verdades que guardo pra mim mesmo.
 Sobram tantos medos que nem me protejo mais.
 Sobra tanto espaço dentro do abraço. 
Falta tanta coisa pra dizer que nunca consigo."
C. Trevisan

PS: Parabéns TIA VERA! s2 
PS2: Essa música é contagiante: Ô ô ô. Ô ô. Ô ô.
PS3: Eu tava sumida né! =/ Sorry, people!