Ninhá!
Eu gosto de ser tua mulher. TUA mulher. Não por pertencer a você, afinal, a época em que seres humanos pertenciam a outros seres (humanos?) já se foi. Há muito tempo. Mas digo isso por querer ser tua. Tua mulher. Tua namorada. Tua amiga. Tua companheira. Tua parceira. Simplesmente tua.

Gosto quando você me faz rir, seja por alguma besteira que você diz ou por cócegas nas costelas. Gosto quando morde a ponta do meu nariz. Gosto quando andamos de mãos dadas. Ou você me enlaçando a cintura. Ou quando apostamos corrida e você me deixa ganhar. Ou me ultrapassa sem dó nem piedade e eu tenho que usar de meios ilícitos e fingir uma torcida de pé.
Gosto quando você me carrega de cavalinho quando o salto acabou com o meu pé. Quando me dá sua blusa para eu não sentir frio. Quando deixa de me dar a mão e oferece o braço para eu andar de salto num terreno mais desnivelado.

Eu posso estar sendo mulherzinha demais (e me desculpem as feministas extremas, fazer o quê, cada um a seu modo), mas eu gosto de cozinhar pra você. E gosto ainda mais quando você cozinha pra mim. A forma com que você entende de carnes, proporcional ao meu entendimento de sobremesas. Gosto quando estou lavando a louça (e afirmo que é só disso que gosto quando lavo a louça) e você chega e encaixa a barriga na minha lombar. E aproveita pra se oferecer para lavar, para não estragar as minhas unhas feitas.

Paradoxalmente gosto da saudade que deixa quando se vai. Quando nunca volta. Quando nunca vem. Gosto da saudade que sinto dos teus olhos e sorriso eternizados na minha memória. Embora eu queira os ver mais e mais vezes... Eu gosto da forma de sentir saudade deles. Porque mesmo a saudade me traz alegria. Se faz um ano que conheço esse teu novo olhar, esse teu novo sorriso, um ano faz que sinto saudade diariamente. Mesmo quando o vejo.

E é uma saudade gostosa. Saudosa. Saudável. Uma saudade de quem ama, se ama e busca ser amada. Um sentimento descomunal de indignação que me faz pensar... Por que não te conheci antes? Antes de tudo acontecer com a gente. Antes de nos descobrimos separados. Antes de tudo.

Teria sido tudo diferente? Não sei. Por enquanto prefiro a diferença se ser tua.


"Então o amor e a amizade são isso. Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam. Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço." 
Mário Quintana
Ninhá!
Um dia, há um tempo atrás, sonhei com você.

E conforme todo sonho que se preze, além de não ter muito sentido, ou não nos lembramos ou lembramos só uma parte marcante.
Se teve muito, pouco ou sentido algum eu não sei, não me recordo dele por completo. Mas a parte que eu me lembro fica em mim desde então.

Um dia eu sonhei com você. E fiz do meu dia um dia mais feliz. 

Estou dividida se digo que essa parte era uma promessa ou um aceite. Não sei dizer se você me aceitava pelo jeito que eu sou (ou era no sonho) ou prometia aceitar. O que importa é que aquilo me trouxe (e ainda hoje traz) uma completa e perfeita paz de espírito, como se um dia o sonho se tornará realidade.
Existem sonhos que se realizam. Ou não. Ou em parte. Ou tem algum significado.

Um dia eu sonhei com você. E este sonho, de alguma forma, me faz ter esperança. Uma esperança que clareia o pensamento, que acalma o espírito, que arranca da alma um suspiro longo e profundo.

Eu não sei o que esse sonho significa (e tenho até medo de procurar o significado. A Marii vai me entender.) e nem se ele significa algo. Mas uma vez meu amigo Pe. Luciano disse que os sonhos que ficam na nossa mente, o que nos é permitido lembrar, não ficam por acaso. Quero dizer, se a gente lembra, é porque tem um sentido. Talvez a gente não entenda agora, mas as peças se encaixarão. Espero que ele esteja certo.

Um dia eu sonhei com você. Segurando as minhas mãos, olhando nos meus olhos e dizendo que eu não precisava mudar em nada para ser tua. Que não era necessário amadurecer, crescer, fazer nada. Que a gente aceita quem a gente ama.

Um dia me disseram que príncipes encantados não existem. Que princesas também não. Mas, na minha opinião, estas pessoas não souberam procurar. É que hoje em dia príncipes e princesas são tão raros que não se encontram em qualquer balada por aí. E um legítimo príncipe só pode ser encontrado por uma princesa. E a princesa, por um príncipe. Balela é sair beijando sapos pra tentar achar um príncipe camuflado por aí.

Um dia eu sonhei com você. E no final do sonho você me dava o mais belo sorriso tolice, qualquer sorriso teu já é o mais belo! Um sorriso sincero, iluminado. De dentes certinhos e branquinhos.

No meu sonho, você era uma espécie de príncipe. E, pensando bem, quando eu te conheci, também foi. Ora, o príncipe não é a personificação do bem, da honra, da gentileza? Engraçado (e talvez seja justamente por isso que te identifiquei no sonho) é que teus olhos de ressaca e teu sorriso perfeito eram os mesmos da realidade.



Um dia eu sonhei com você. E você aconteceu.


"Deitada no ombro dele, ela via seu rosto muito próximo. Esse era o sonho, nada mais." 
Caio F. Abreu