Ninhá!



E hoje eu descobri que eu ainda te amo. 

Como? Simplesmente me veio à cabeça uma imagem tua. E eu percebi que desde que conheci, nunca mais esqueci teus olhar, teu sorriso perfeito, teus olhos de ressaca.
Daí me veio à mente que eu sinto algo por você. E acho que é amor. Daqueles amores que a gente sabe só de olhar.
Hoje penso que amo o oposto, o mistério, a descoberta, a timidez, o riso difícil mas alegre, a presença forte e doce. Amo a antítese, o paradoxo. A oportunidade perdida. A segunda chance jamais concedida. E amo teus olhos. Teus doces olhos que me arrastam. E arrasam.
Queria você sempre assim comigo: testa com testa, nariz com nariz... Lábios se encostando. Respirações dividindo-se. Queria sempre ter a visão de você parando de escrever para me olhar de baixo pra cima quando eu comento algo. Ou mudando a direção do seu olhar da tela do notebook para mim ao meu simples chamado. Ou aquele momento de encontro e reencontro onde os olhares se encontram. E eu não faço ideia do efeito do meu em você. Mas muito provavelmente ele se anula porque foi tragado na imensidão do teu.
Sofrer? Sofrer após um ano inteiro? É, é possível sim. Tão possível que te provo agora. Mas que tipo de sofrimento? O sofrimento pelo platônico, pelo não realizado, pelo querer e saber que nem sempre o querer é poder. 
O sofrimento de quem ama calado. Ama tanto que abre mão. Ama tanto que não se intromete na felicidade do amado. Ama tanto que cuida de longe. Reza todos os dias. Torce todos os dias. Sofre sozinho e calado, nas lembranças do mais bonito sorriso e olhar que conheceu.


"E a minha alma alegra-se com seu sorriso, um sorriso amplo e humano, como o aplauso de uma multidão."
Fernando Pessoa