Ninhá!
Eu corria... Era um labirinto sem saída (como qualquer labirinto parece ser). Tudo escuro e eu não enxergava um palmo a minha frente. Sentia uma sensação de calor-frio, e o suor escorria pelo meu rosto, mas eu sentia frio. De repente, uma luz. Uma luz vermelha. Fui na direção dela.

Entrei numa sala completamente vermelha. Quente, aconchegante. Nela vi retratos pendurados nas paredes... Um porta retrato em cima de uma escrivaninha. Cheguei mais perto afim de identificar alguém. No porta retrato maior estava uma família. Um casal sorridente com um garotinho de mão dada com a mãe e uma bebê no colo do pai. O cenário era uma praça... Um bosque... Nao sei dizer. De repente, me ative na figura da mãe. Tãao semelhante a minha! Ei! Que gargantilha é essa no pescoço dela?! É a minha mãe! Aquela é minha família! Corri os olhos pelas outras fotos... E reconheci vários momentos da minha vida ali. Aniversários, formaturas, aniversário de 15 anos, formatura de terceiro colegial, o dia em que passei no vestibular...

Como se algo tivesse me assustado (talvez o fato de não ter reconhecido as pessoas da foto de imediato), saí correndo daquela sala. E voltei à escuridão. Corri, como se tivesse medo de algum bicho papão que possuísse visão no escuro melhor que eu. Tropecei. Caí. Me encolhi encostando minhas costas na parede. Sentia mais frio agora. Pensei em chorar, mas eu não tinha tempo pra isso. Levantei-me, engoli o choro e parti em busca de alguma saída.

Avistei uma luz... Dessa vez era verde. Espreitei-me pra dentro da sala de onde aquela luz saía. Senti mais uma vez o aconchego e o conforto. Nesta sala haviam retratos também. Pareciam ser cheios de cores, mesmo que tudo ficasse em tons de verde. Aproximei-me. Identifiquei rostos conhecidos, mesmo cheios de maquiagem, narizes de palhaço e fantasia. Ao correr os olhos pelas fotos, pude reconhecer cada Vagalume... Desde o primeiro ano até os de agora... Os que passaram e se foram... Os que chegaram há pouco... Os que chegaram e permaneceram. Fiquei maravilhada e a minha vontade era de fazer um pequeno furto e pegar todas as fotos pra mim. Recordações tão gostosas! Tinha até uma foto dos meus pais num dos atos! Mas eu não podia mais ficar ali. Eu precisava achar a saída do labirinto.

Mais uma vez me pus a correr. Tive ímpetos de falta de ar, mas nem tempo para acesso de asma eu tinha. Eu precisava sair de lá.

Mais eis que mais uma luz me chamou atenção! Desta vez era amarela. Tive ímpetos em ignorar aquela sala, pelo desespero de achar alguma saída. Mas o calor aconchegante e a curiosidade não me deixaram. Adentrei naquele cômodo, um pouco maior do que os outros, mas aconchegante tanto quanto os outros. E repleto de fotos. Nelas reconheci cada pessoa que passou pela minha vida e me marcou. Amigos de infância. Amigos de agora. Vagalumes, professores eternos, coordenadoras eternas. Alguns colegas de sala. Alguns médicos (tio Bruno não escapa de mim nem aqui!), minha fisioterapeuta e amiga eterna (Josie). Devo confessar que alguns eu tive dificuldade em reconhecer. Mas fiquei naquela sala o tempo suficiente para identificar um por um.

Meu Deus! Quanto tempo perdi? Eu preciso achar a saída desse labirinto! Mesmo querendo ficar, corri. Explico porque eu corria o tempo todo: não lido bem com despedidas.
Eu estava cansada, com fome e muito sono. Mas... Sim! Uma luz azul! E uma música...

Entrei na saleta azul. Era bem menor que todas as outras, mas aconchegante igual. Tocava no ambiente uma música que eu não consegui reconhecer. Neste cômodo, não havia fotos ou porta retratos. Mas haviam livros. Muitos livros. Ora, como alguém conseguiria ler algo naquela luz azul somente? Folheei alguns. E concluí que muita coisa que havia escrito neles eu já sabia. Só que MUITO MAIS COISAS eu não sabia. Não entendi de cara o sentido daquela sala.

Saí, confusa daquela sala. Desisti de correr. Aquela sala havia me deixado intrigada. Des-desisti de não correr. Eu precisava correr.
Exatamente no instante que tinha tomado essa decisão de sair correndo novamente, resolvi fazer uma oração. E como tinha as pernas e pés cansados, ajoelhei-me e pedi ao Papai do Céu que iluminasse o meu caminho, pois eu estava perdida. E que o meu anjo da guarda me protegesse dos perigos que eu corria no labirinto.

Quando abri os olhos, percebi que tudo parecia mais claro. É sério. Eu abri os olhos e havia luz pelo labirinto todo. Não era uma luz que cega a gente, mas uma luz suficiente para que eu enxergasse o que estava acontecendo. Levantei-me, já agradecendo. Não percebi nenhuma ameaça pelo labirinto.

Como me sentia segura, parei para refletir. E... De repente, tudo fez sentido. Eu estava na minha vida. Sim! Em momento algum eu andei em círculos, apenas em caminhos que eu não tinha certeza. Cada sala representava para mim uma zona de conforto e amor. Família, amigos, lembranças... Mas uma coisa continuava me intrigando. E a sala azul?

Como se alguém soprasse ao meu ouvido, percebi que a sala azul era a sala do conhecimento. E que faltava muito para completar ela! Isto é, se ela não aumentasse de tamanho como a sala amarela. Talvez eu nunca a completarei, pensei.
E... querem saber? Eu não queria mais sair do labirinto, pois me reconheci nele. De repente, iluminado assim, com as paredes coloridas, ele nem parecia mais um labirinto.
Mas a vida é assim né? A gente se sente perdido, no escuro... Depois vem uma fase boa e tudo muda... A gente se reecontra, se reconhece.
Fiquei no ex-labirinto. E decidi procurar por mais salas. Afinal, apesar de relativamente nova, eu tenho muita história, e, como já diria um professor... "Recordar é viver!"

Presentinho de hoje: "Amanhã ou Depois", da banda Nenhum de Nós.

"Deixamos pra depois uma conversa amiga
Que fosse para o bem, que fosse uma saída
Deixamos pra depois a troca de carinho
Deixamos que a rotina fosse nosso caminho
Deixamos pra depois a busca de abrigo
Deixamos de nos ver fazendo algum sentido...

Amanhã ou depois
Tanto faz se depois for nunca mais...

Deixamos de sentir o que a gente sentia
E que trazia cor ao nosso dia a dia
Deixamos de dizer o que a gente dizia
Deixamos de levar em conta a alegria
Deixamos escapar por entre nossos dedos
A chance de manter... Unidas as nossas vidas...

Amanhã ou depois
Tanto faz se depois for nunca mais... Nunca mais."



Um beijo grande a todos. =D

PS: Obrigada Papai do Céu e obrigada Anjo da Guarda!

6 Responses
  1. Roddy Says:

    A cada texto você se supera mais, irmazinha!

    =D

    Quero autógrafos, viu! rsrsrs

    Te cuida, fia!

    um beijo!


  2. paty Says:

    ^^ Oi aninha! gostei do post... bem filosofico! ^^

    e fico feliz que vc conseguiu enxergar sua vida e fugir do "labirinto" que vc se enfiou! ^^

    beijoss aninha!


  3. Maurício Says:

    Eu achei o máximo! =D


  4. Lívia Says:

    Oi amore, entrei no blog! =)
    Estava lendo os posts e adorei!!!
    Parabéns!! Vc é mesmo um orgulhinho pra mamãe! ;)
    Espero que eu faça parte das coisas boas e dos bons aprendizados do seu labirinto.
    Ahhh, se você quiser criar uma sala pink dentro dele ... eu ia adorar! hehehehe
    Beijos, AMO!!


  5. Ninhá! Says:

    hahahahaha A sala pink será só sua mamãe!!!

    E com certeza você faz parte das coisas boas e dos meus aprendizados! Com certeza!

    Obrigada mamãe!

    Te amo!

    beeeeijos!


  6. Marii Says:

    Que linda você é.